segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Coligação PT e PSDB: produdo “made in” Candiota

Paz, pero no mucho. O peculiar acordo política de Candiota, que liga PT e PSDB, virou um controverso produto de exportação do município, com a marca de “heresia política”, conforme reportagem do jornal Zero Hora desta segunda-feira (17), que traz à público posições de lideranças políticas municipais e estaduais.

Com relação ao deputado Raul Pont e o ex-governador Olívio Dutra, contrários a coligação, as suas marcantes histórias políticas corroboram suas posições de coerência sobre o caso.

Sobre as declarações do vereador e presidente do PT Valmir Cogo e do presidente PSDB Lasie Winkel, merecem considerações o que este disse na matéria de ZH: “a relação tem lá suas crises e duvido que o casamento das duas siglas vá resista intacto a mais quatro anos”.

Conclui a reportagem de ZH, que o país vem impondo restrições ao carvão como matriz energética, por considerá-lo poluente e assim existe uma incerteza quanto às perspectivas econômicas do município.

Como alternativa, gerando mais incertezas, o governo municipal vai exportando “heresias políticas”, até que alguém diga que também é poluente.

Ah, em tempo, quanto as posições do prefeito L.C. Folador e seu vice Paulo Brum, encontramos respostas nas sagradas escrituras, em Coríntios 13:1-4-6-7-8-13 e Filipenses 2.2.

Um raro caso de amor: PT e PSDB estão juntos em Candiota
Em série de reportagens, ZH vai mostrar histórias de cidades gaúchas marcadas por peculiaridades eleitorais

Por: Letícia Duarte
leticia.duarte@zerohora.com.br

Diante de dezenas de bandeiras vermelhas tremulando em frente ao comitê do PT de Candiota, em concentração de militantes durante a campanha, uma mulher de óculos redondos e casaco estampado se aproxima equilibrando duas bandeiras de cores diferentes.

No punho esquerdo, ostenta uma das tradicionais bandeiras com a estrela petista. Com o mesmo ardor, segura na mão direita uma flâmula branca, azul e amarela tendo o desenho de um tucano ao centro: o símbolo do PSDB. Em seguida surgem outras bandeiras tucanas e começa o ato político, onde esquerdistas vestidos com camisetas de Che Guevara, estampadas com a frase Rebeldia Organizada, caminham ao lado de seus companheiros do PSDB.

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Companheiros do PSDB? Pois é. A cena que em qualquer outro lugar do país seria uma heresia política resume a aliança local. Para desgosto de líderes estaduais dos dois partidos, que tentaram barrar a união em sua origem, PT e PSDB estão de braços dados em Candiota. Não apenas de namoro passageiro, mas com casamento sacramentado pelas urnas.

O atual prefeito, Luiz Carlos Folador, é petista. O vice-prefeito, Paulo Brum, é tucano. E a parceria que causou tanta urticária nas executivas estaduais dos dois principais rivais da política nacional quando surgiu, há quatro anos, foi considerada tão exitosa que as duas siglas decidiram renovar as juras de amor no município, concorrendo com os mesmos candidatos à reeleição, com apoio de PDT, PTB, PSB e PC do B.

— É uma aliança histórica, que deu certo e vai dar de novo — entusiasma-se o vice, erguendo as mãos em comemoração, ao explicar a ZH a aliança.

E é ninguém menos do que a primeira-dama do município, Ana Scholl, 46 anos, a mulher que carrega as duas bandeiras, uma em cada mão, nesta caminhada em 23 de agosto de 2012. É um dia comum da campanha, que transcorre em meio ao julgamento do mensalão, usado como munição de tucanos em todo o país contra seus adversários petistas. Mas ali o assunto passa batido. Ou quase. Só quem toca no assunto com os eleitores é o candidato do PMDB, Odilo Dal Molin, 65 anos, que representa a oposição à dobradinha petista e tucana.

— Essa aliança é esdrúxula, é um projeto de poder — critica o adversário, que tenta explorar essa contradição na campanha, mas diz que enfrenta limitações pela falta de politização dos eleitores.

Unidos e empolgados com a chance de reeleição, tucanos e petistas de Candiota dizem que os temas nacionais "estão longe demais" e o que vale ali é o contexto municipal. A despeito de ideologias, o vice-prefeito define esta como uma aliança de "amizade", onde "as pessoas estão acima dos partidos". Mas foi o pragmatismo o verdadeiro padrinho deste casamento.

A aliança entre os dois maiores rivais da política nacional começou a ser cogitada como uma estratégia para derrotar a supremacia do PMDB, que havia governado sozinho em três dos quatro mandatos desde a emancipação do município. A ficha da oposição caiu após a derrota eleitoral de 2004, quando os três candidatos oposicionistas somaram 62% dos votos, mas acabaram derrotados pelo candidato do PMDB. Decidido a não ver a derrota se repetir em 2008, o então pré-candidato do PT, Folador, deu o braço a torcer e procurou os adversários para uma conversa.

— O perfil do candidato foi preponderante. O Folador é um PT light, não é radical. Se fosse outro candidato não daria acordo — analisa o tucano Carlos Ernesto Betiollo, o ex-prefeito de Pinheiro Machado, que participou da negociação.

Difícil foi convencer os principais líderes dos dois partidos de que essa aliança tinha futuro. Ninguém fora de Candiota conseguia entender por que, em pleno governo Yeda, enquanto os petistas faziam discursos inflamados contra a governadora, os tucanos locais queriam firmar compromisso com seus principais algozes – e vice-versa. A aproximação causou narizes torcidos de ambos os lados. No PT, a executiva estadual chegou a proibir a aliança. Para tentar dissuadi-la, o então presidente do PT, Olívio Dutra, viajou a Candiota. Ao chegar ao município, Olívio foi confrontado:

— Qual é a diferença do PSDB daqui daquele caso do PP que tomou seu lugar no Ministério das Cidades? — questionou o presidente do PT municipal, Valmir Cogo, lembrando da substituição do ex-governador durante o primeiro governo Lula.

Olívio argumentou que o PP era da base do governo Dilma, enquanto o PSDB sempre foi oposição, mas de nada adiantou. Convictos de que era sua única chance de vencer a eleição, recorreram ao diretório nacional do PT e conseguiram o aval para a aliança. Mas muitos não se conformavam.

— O que é que vocês estão fazendo aqui? — indignou-se o deputado Raul Pont ao visitar a cidade.

Na cidade, o espanto não foi menor. Os candidatos cansaram de ouvir piadinhas. Diziam que a aliança era como união de jacaré com cobra d' água, água e azeite, que a união de petistas e tucanos em Candiota iria durar menos do que o carnaval de Torrinhas, localidade nas redondezas conhecida pela modesta empolgação de seus foliões.

Dois anos depois de mostrar que a coligação tinha mais fôlego do que o Carnaval da Sapucaí e conquistar­ a prefeitura, os aliados tiveram de enfrentar outro teste de fogo: sobreviver sem rachas aos ataques cruzados entre PT e PSDB nas eleições estaduais e nacionais. Assim que encerrava o expediente na prefeitura, ia cada um para o seu lado: enquanto os petistas faziam campanha paraDilma Rousseff e Tarso Genro na cidade, os tucanos subiam nos palanques pró-José Serra e Yeda Crusius.

— Quem vinha de fora não entendia o nosso espírito. Acho que saíam daqui e pensavam: que gente mais fria essa. Porque ninguém gritava: Eeeee! Era aquela coisa morna, fria — lembra o prefeito.

Em retaliação pela aliança com o PT, tucanos de Candiota foram preteridos na indicação de cargos no governo Yeda.

— Se pagou um preço alto no governo estadual, fomos praticamente alijados. Tinham resistência conosco, achavam meio estranho esse pessoal meio "apetezado" — conta o presidente do PSDB no município, Lasie Winkel.

Winkel admite que a relação tem lá suas crises e duvida que o casamento das duas siglas vá resistir intacto a mais quatro anos. Mas, pelo menos publicamente, prefeito e vice não poupam declarações de amor. No meio do comício do dia 23 de agosto, Folador abriu os braços para seu vice, entrelaçando simultaneamente as bandeiras de PT e PSDB:

— Paulo Brum é o José Alencar do Lula. Brum é evangélico, eu sou católico. É uma parceria que deu certo.

Pelo menos até 7 de outubro, vale a lógica da poesia: que seja eterno enquanto dure.

69 formas de coligar

Apesar da rivalidade nacional entre PT e PSDB, a convivência entre os dois partidos nos municípios gaúchos não é tão belicosa assim. Tanto que os dois partidos integram a mesma coligação em 69 cidades do Estado.

Mas só em duas encabeçam com prefeito e vice: além de Candiota, o outro município onde isso ocorre nesta eleição é Jacutinga. Ali, o candidato a prefeito é o petista Gelsi Luiz Lodéa, que tem como vice o tucano Roque Carlos Tortelli (PSDB). Na última eleição, os dois partidos apoiaram o candidato único do PP, que tinha Lodéa como vice.

A análise das coligações integradas pelas siglas rivais indica um predomínio petista na hierarquia: o PT indicou o prefeito em 22 das alianças das quais os tucanos participam, e o PSDB apenas uma, em Santa Clara do Sul (com o PP de vice).

Cidade diferente

Os moradores enchem a boca para dizer que Candiota é uma cidade diferente. O motivo mais alardeado é o fato de a cidade de 10 mil habitantes ser composta por seis distritos com infraestrutura praticamente autônoma, o que leva alguns a definir o município como "seis minicidades dentro de uma cidade pequena". Outros chegam a dizer que é o "o único município do Brasil que tem uma Capital", referindo-se a Dario Lassance, conhecida como a "sede" de Candiota, onde fica a prefeitura.

Atualmente, uma das preocupações dos moradores é com o futuro da cidade, que se criou ao redor da Usina Termelétrica de Candiota. Como o país vem impondo restrições ao carvão como matriz energética, por considerá-lo poluente, existe uma incerteza quanto às perspectivas econômicas do município.

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Em vídeo, veja a união de tucanos e petistas em Candiota:

3 comentários:

  1. O fio que liga o PT e PSDB em Candiota esta desencapado. E a voltagem tá subindo.

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    1. Por isso que o adversário teme o choque que vai levar nas urnas. KKKK

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  2. NÃO É DIFERENTE DE SÃO GABRIEL QUE O CANDIDATO DO PT ERA DO PSDB HA POUCO TEMPO, NÃO CONSEGUINDO BOCA NA PREFEITURA FOI PRO PT E SE COLIGOU COM O PPS QUE É UM PARTIDO ANTAGONICO.E TEM MAIS TEM O APOIO DE UM QUE DESISTIU EM TROCA DE CINCO SECRETARIAS, SERA QUE VAI DAR CERTO?

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