sábado, 9 de outubro de 2010

Fase D? Eu já vi esse filme...

A CGTEE está anunciando o projeto para construção da FASE D em Candiota, onde estimasse uma capacidade entre 600 MW e 700 MW, o dobro da Fase C.

Agora vamos fazer um breve retorno ao passado:

A Fase ‘A’ da Usina, com duas unidades de 63MW cada, foi inaugurada em 1974 quando foi integrada no Sistema Interligado Brasileiro e no final de 1986 entrou em operação a Fase B com duas unidades de 160 MW cada, totalizando 446 MW instalados, mas antes mesmo de sua conclusão, em 1981 no governo de José Augusto Amaral de Souza, já nascia o projeto Candiota III(famoso Candiotão), com a assinatura dos contratos de construção da primeira das seis usinas com potência de 335 MW cada uma. Um mega projeto para época que totalizaria 2010 Mw instalados e seria 3x maior do que a Fase B que não havia sequer sido concluída.

Pois bem, a Fase B foi inaugura em 1986 e com contrato já assinado com a Companhia Alsthom Atlantique e valores pagos para produção de armazenamento das peças para construção da obra, impasses contratuais começaram a trancar o projeto Candiotão. Entrou governo, saiu governo e o sonho do Candiotão continuava. 

Em matéria divulgada pelo jornal "Zero Hora" do dia 2 de novembro de 1983: "Somente a curtíssimo prazo a dívida da CEEE corresponde a 43 % da arrecadação de ICM de todo o Estado, de janeiro a setembro. A estatal está operando praticamente sem caixa. A causa maior do endividamento decorre dos altos investimentos feitos em Candiota, na segunda fase da Usina Presidente Médici, que está com 80% do cronograma de obras concluídos, mas em compensação também já paga juros da terceira etapa da Candiota, contratada em 1981, e que nem sequer começou a funcionar. Na verdade, nem começou a ser construída, embora os equipamentos já tenham sido encomendados junto à indústria francesa".

Em 1993 a dívida de Candiota III era: 587 milhões de dólares. A dívida de Candiota II era de 577 milhões de dólares. Se o contrato fosse aplicado em toda sua letra, a dívida aumentaria muito devido aos custos de armazenagem e equipamentos. Portanto, tratava-se de um montante, de um bilhão e 500 milhões de dólares.

Em 1995, no governo Antonio Brito, Candiota III deixou de fazer parte dos ativos da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) - que nunca conseguiu concluir a usina por falta de recursos - e passou a fazer parte da CGTEE.

E somente em dezembro de 2000, no governo Fernando Henrique, foram assinadas duas autorizações para a continuidade do empreendimento. Na primeira, o Ministério de Minas e Energia autorizou a Eletrobrás a transferir para a CGTEE os bens e equipamentos vinculados a Candiota III. Na segunda, a CGTEE foi autorizada a promover a publicação de edital para a contratação de serviços de consultoria especializada para a modelagem do empreendimento que então passou a ser chamado de Fase C.

Faço essa breve reflexão já um pouco antiga para não nos iludirmos com projetos que para o momento parecem possíveis e fundamentais e na verdade só servem para iludir pessoas, cidades e até uma nação.

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