Por Marcelo Lemos
Como é traidor esse coração, é a pior das mulheres, a mais cretina. O nosso cérebro é origem do coração e não o contrario. Se nasce sem cérebro, se vive sem cérebro, mas não sem coração. O coração é o pior dos castigos ou a melhor das bênçãos. Ninguém desafia o coração, ou se faz o que se ama, ou simplesmente não se faz. É simples e também complicadíssimo.
Ela nasceu em 84 ou 88, não sei ao certo se é morena, loira, negra, japonesa, no fundo nem sei se é mulher... é mulher sim, quer dizer, era linda, era esbelta, cheirosa, nos encheu de esperanças e com o passar do tempo virou um ordinária, das maiores, um meretriz sem fundamento. MAS EU A AMO. Mais que tudo, luto por ela, mesmo que isso me valha todos os sacrifícios, todas minhas forças. Foi amante de alguns dos melhores homens, e de outros tão sujos quanto fedorentos.
Não consigo aceita-la como é, mas não sei o que faria sem ela. Sim, é uma contradição. Mas a bebida e o cigarro também o são, não é verdade?
Creio nunca ter a perdido (preciso crer nisso) mas cada vez vejo ela mais perdida, de mão em mão, de gente que não vale nada, em más companias.
“Apesar de você, amanha há de ser outro dia.”
O meu grito ecoa as noites, como os gritos de um corno manso:
VOLTA PRA MIM DEMOCRACIA. Eu te amo, sou louco por ti. Vou correr todos esses que não te amam de perto de ti.
Mas a Democracia, também tem uma irmã mais velha, pelo menos a Democracia que eu conheci, que sou apaixonado, o nome da irmã desta é Revolução. Na verdade, Revolução foi um nome dado por seus pais, que conheciam a essência dessa mulher masculinizada, deram um nome tão feminino para maquiar o verdadeiro eu de Revolução.
Esta é uma homossexual, ou sapatão como diriam uns, o ponto dela é na esquina da Av. Censura com a Rua dos Perseguidos, atende pelo nome artístico de Golpe, quer dizer, seu verdadeiro Eu.
Como na literatura espanhola: Memória de Minhas Putas Tristes; As memórias dessas duas irmãs são distintas e tão iguais. Se completam, se complementam. Uns que foram amantes de Revolução, hoje se dizem apaixonados por Democracia. São como adolescentes carentes, amam desde a professora até a colega mais bela, desde a tia materna, até a prima que só conhecem por foto, amam o que lhes convém. Eu já tive 14
anos. Já amei minha professora, mas, hum, deixa pra lá.
Estes Senhores que defloraram sem dó as duas irmãs, são fáceis de identificar, andam com seus ternos escuros, com o cabelo sempre bem alinhado, caminham com uma leveza e simpatia como se soubessem todos os segredos de todas as mulheres do mundo. Dificilmente algum terá menos de 50 anos. Se tiver, tome cuidado, são os mais espertos.
Eles valem-se da força e rancor de Revolução e também das palavras doces e inspiradoras de Democracia. Jogam uma irmã contra a outra. Agem como se eles soubessem aquilo que é melhor pra elas.
Mulher feita hoje é Democracia, uma ordinária diga-se de passagem, mas não por sua culpa, por culpa dos seus amantes. Já Revolução, desde que nascera, sempre teve esse caráter vingativo, mau, amedrontador, bem que ela poderia ter sido melhor, mas a sua natureza jamais permitiu.
Agora estou aqui gritando pelas ruas, feito um louco:
- VOLTA PRA MIM DEMOCRACIA. Eu te amo, sou louco por ti. Vou correr todos esses que não te amam de perto de ti. Por favor devolvam a pureza da minha Democracia.
Para maiores informações: Em qualquer rua, bairro ou cidade do nosso país, com qualquer pessoa.
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