Por: Christopher Goulart - Advogado, neto de Jango
Uma triste realidade assola nosso país. Somos brasileiros sem um sentimento de nação. O povo não tem consciência política, e seu destino fica na mão de pequenos grupos ditos politizados, que na sua imensa maioria, não representam a vontade de inclusão das massas no processo de desenvolvimento soberano. Estes poucos que governam muitos ficam a serviço de interesses meramente particulares, esquecem da essência pública implícita em seus mandatos, e remetem ao limbo um sentimento de pátria que já existiu, sim, no Brasil.
Em inúmeras ocasiões testemunhei valorosos relatos de patriotas de gerações pretéritas, orgulhosos de sua participação na revolução de 30, na política do Estado Novo, no movimento queremista, no retorno do Presidente Vargas ao poder em 1950. Cidadãos que relatam até hoje, com firme convicção, seu posicionamento em 64 seja ele qual for. Todos estes, independentemente de suas posições ideológicas, carregam consigo algo em comum: são patriotas que amavam e amam o país. Confesso que no “alto” de meus 32 anos, sinto uma ponta de inveja destes senhores que fizeram parte de uma época em que falar em ideologia fazia parte do quotidiano.
Em tempos de celebração da Independência Brasileira, pergunto-me em que momento da história recente se perdeu o sentimento de amor à pátria, o mesmo que levava multidões às ruas exigindo mudanças. Vou além. Como retomar o espírito patriótico num país onde se considera normal que crianças vivam nas ruas, sejam mendigos, pivetes, prostitutas, trabalhadores, e não estudantes? Onde se considera normal que os 1% mais ricos da população recebam 20,5% da renda nacional e os 50% mais pobres recebam apenas 13,2%? Esse é o desafio de uma nova geração, que ao invés de fugir da política por motivos muito compreensíveis, deve entender que é justamente através das adversidades que nos fortalecemos.
Lançar o futuro de uma nação ao incerto, na mão de oportunistas de plantão, é uma temeridade. O balcão de negociatas que assistimos nos informativos e jornais só tende a piorar cada vez mais, se os jovens não se engajarem com afinco nas causas públicas e nos problemas do país, da mesma forma que um dia fizeram nossos ancestrais.
Por isso, pelo bem da nossa nação, não podemos ficar apenas “olhando a banda passar”, como diria o poeta Chico Buarque. Mas para isso não basta apenas votar conscientemente nas próximas eleições. A militância efetiva, em suas diversas formas de atuação política e social, é um caminho para a retomada de um sentimento patriótico de fundamental importância para a unificação do país.
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