quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O carvão e sua caminhada no mundo da energia

Por: Fernando Luiz Zancan - Presidente da ABCM
Hoje, a Agência Internacional de Energia – IEA - lançou, em Paris, sua versão 2011 de informações sobre consumo, mercado e produção de carvão mineral no mundo. Os dados confirmam que cenário desenhado na ultima década, o combustível que foi o motor da revolução industrial e que permaneceu com um quarto em participação na matriz de energia primária do mundo, ao longo do século XX, é o combustível do século XXI.

Segundo o IEA, o consumo global do carvão cresceu 10,8% em 2010 alcançando 5,234 Mtce. O consumo adicional de 510 Mtce é maior que o consumo anual da Índia. Observa-se que cerca de 80% do consumo incremental vem de países pobres, mas mesmo nos ricos, como na Comunidade Européia, o consumo de carvão cresceu 4,8%.
O consumo de carvão vapor cresceu 11 % e o metalúrgico (usado para fabricação de aço) cresceu 15,5 %, sendo 14,5% nos países ricos.
A produção total de carvão no mundo está estimada em 7.228,7 Mt, sendo 6% maior que 2009 e 61% maior que 1999, o que reforça a liderança de crescimento no século XXI. A produção de carvão hulha foi de 6.185 Mt e de linhito de 1.042.
O mercado internacional de carvao cresceu 13,4%, sendo a Austrália o maior exportador com 30 % do mercado seguido pela Indonésia e Rússia, representando um market share de
17% e 11% respectivamente. Os maiores importadores por sua vez foram; Japão, China, Coreia do Sul, Índia, Taiwan, Alemanha e Turquia. A comercialização de carvão metalúrgico aumentou 28,1% sendo a Austrália o maior exportador, tendo os USA e o Canadá, como segundo e terceiros lugares.
O mais importante player do carvão é a China. Na segunda economia mundial, a produção de carvão foi inferior ao consumo o que levou a China a aumentar em 40,7% a importação de carvão, quadruplicando desde 2008 chegando a 177 Mt, principal alvo dos mineradores de carvão dos USA. Em termos nominais em 2010, a China consumiu 329 Mtce de carvão a mais que 2009 – que é maior que o consumo do Japão e Alemanha combinados. A China em 2010, segundo as estatísticas oficiais, há quem diga que os números são maiores, a representou 51,5% da produção de carvão no mundo e 17% da importação mundial. Como existem em construção no planeta 216 GW – dois Brasil – em térmicas a carvão sendo que 17 GW, na Europa e 19 GW, nos USA o atual cenário deverá permanecer, ampliando a demanda por carvão, inclusive após o efeito Fukushima. Por outro lado, verifica-se que mesmo com 165% de aumento das energias renováveis de 1990 a 2008 a sua participação na matriz mundial tem caído visto ao crescimento dos fósseis.
Enquanto esses números mostram a importância do carvão para o planeta e para o crescimento dos países mais pobres, que tem nele a segurança de suprimento e o baixo custo de energia, aqui no Brasil, importamos mais de 15 Mt de toneladas de carvão metalúrgico e estamos lutando para que o carvão possa participar de um leilão A-5 com 2,4 mil MW de projetos já licenciados ambientalmente. É voz corrente no setor elétrico, que precisamos agora de usinas térmicas para equilibrar o sistema interligado nacional e que, após 2030, o nosso potencial hidroelétrico estará praticamente esgotado. Existe potencial de carvão metalúrgico, existe potencial de carvão vapor e existem tecnologias que podem ser adaptadas ao carvão nacional para que cada vez mais possa ser utilizado de forma sustentável.

Portanto é tempo de o Governo Federal, traçar uma estratégia para o aproveitamento deste pré-sal, que está no subsolo do sul do Brasil, praticamente, inexplorado em beneficio do povo brasileiro, que segundo a sua Constituição é dono dos recursos naturais.

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