O tabuleiro político de Candiota

Por: Taylor Lima, Advogado

A medida que se aproxima o dia sete de outubro, data limite para filiações de possíveis candidatos ao pleito de 2012, no tabuleiro político de Candiota se ensaiam jogadas ousadas.

Pelos primeiros movimentos se denota uma verdadeira batalha pelo domínio da coluna que dá acesso a Rua Ulysses Guimarães nº 250.

As peças brancas do PT, com o privilégio de iniciar o jogo, posicionam aí seu bispo em movimentos diagonais, com o ímpeto de que ninguém até agora fez mais do que ele.

As pretas do PMDB, contra atacam com seu conhecido cavalo, único capaz de avançar em L, saltando para proteger e atacar ao mesmo tempo.

Interessante notar, a essa altura do jogo, que nem brancas nem pretas dominam as colunas adjacentes.

PDT, PSDB, PTB, PSB e PP, em um jogo equilibrado, não vão se alinhar a um ataque descoberto.

Neste ponto do jogo, necessário se faz as seguintes perguntas:

1. Folador vai encarar uma disputa equilibrada ou vai se preservar ocupando um cargo no governo do estado, transferindo seu domicílio eleitoral para Bagé e, com apoio dos Deputados Mainardi e Lara, pavimentar (como ele gosta) a sua eleição para deputado estadual, como preferencial de Bagé e região?

2. Folador concorre, correndo o risco de abortar a candidatura de deputado, opta pelo candidato a vice do PTB, para agradar o governo Tarso e consolidar a simpatia do Dep. Lara?

3. Folador não abre mão de repetir a chapa com o PSDB, mesmo não tendo o apoio do PT estadual e parte do PT de Candiota, além de descontentar o Dep. Lara?

4. O PDT coligará na majoritária do PT com quem faz parte do governo, ou estará junto com o PMDB, repetindo o pleito anterior?

5. O líder Anselmo Malaguez, do PSB, vai apoiar o PMDB de Odilo de quem foi secretário e mentor intelectual de muitas ações do primeiro governo de Candiota, ou vai com o PT onde militou e foi vereador?

6. Vereador Juliano Correa, atual presente da câmara, se junta ao grupo de apoio ao PT ou àqueles que apoiarão o PMDB?

7. PTB e/ou PSDB, rejeitados na majoritária pelo PT, buscarão outras colunas?

8. E as lideranças do PP, ligadas ao Deputado Afonso Hamm. que sempre estiveram alinhadas a Odilo, agora irão apoiar o PT?

Mas a analogia do jogo de xadrez com a eleição municipal é falha em um aspecto: o xadrez é um jogo lógico-matemático. Tanto é assim que o “Deep Blue”, o supercomputador da IBM venceu Kasparov, considerado por muitos o maior enxadrista de todos os tempos.

Admitir um “Deep Blue” na política, seria imaginar um verdadeiro ditador: primeiro calcularia todas as hipóteses possíveis, aí editaria uma ata que, segundo seu processamento algorítmico, seria a melhor. Depois, se encarregaria do mesmo procedimento para ganhar as eleições.

Felizmente não é assim, na política as questões são muito mais complexas, já que suas conseqüências não podem ser antecipadas com facilidade e, portanto, sempre haverá um componente de incerteza na escolha adotada. As decisões políticas, mesmo as bem intencionadas, podem gerar efeitos indesejados que não foram considerados pelo jogador humano.

A propósito, Folador e o PT ao não demonstrarem preocupação com o PDT, afirmando que contam com este apoio nas próximas eleições, certamente não mencionam dificuldades para contornar questões político-administrativas. Mas, aos seus juízos, isto não passa de meros incidentes de percurso.

Outrossim, a engenharia política que Folador montou na administração municipal, por muitos é rotulada de imbatível, para outros apodreceu e cai das árvores todos os dias, inflando na mesma proporção à candidatura Odilo Dal Molin.
Inobstante, na política como no jogo de xadrez, toda decisão exige reflexão, por um motivo óbvio:
Quanto maiores forem as hipóteses que temos para jogar, escolher e influir, maiores serão as chances de acertar.
É preferível sempre optar sereno e pelo consenso, a se mover sem opção.

Xeque!

Fonte: Coluna Livre do Jornal Tribuna do Pampa do dia 20 de agosto de 2011