segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Palavra do Internauta

Não ramente, recebemos E-mail de Anselmo Malaguez, ex-secretário e ex-vereador do nosso município, dirigente partidário do PSB local, pessoa diferenciada do nosso meio político.

Esta semana, nos brindou com um extenso e interessante artigo, um verdadeiro “tratado político” escrito por Roberto Amaral, jornalista e cientista político, que discorre sobre a política mundial, a crise dos partidos e os movimentos sociais, que compartilhamos com os leitores do TC7, com a reprodução abaixo:
Mundo em crise, esquerda em crise, jovens nas ruas. E daí ?

“O dramático em face da crise do capitalismo não deriva, como tentam fazer crer os economistas midiáticos, de um ‘excesso de desregulamentação’. Com isso querem dizer que, resultado de ‘descuido’ de regulagem, a disfunção é corrigível pelos próprios operadores da miséria. Repitamos sempre: a crise é endógena, estrutural, donde sua disfunção sistêmica independer do neoliberalismo e de sua filha dileta, a hiperacumulação financeira especulativa. O mau é mesmo o capitalismo, e isso não tem cura. Mas, até aí, morreu Neves. O dramático, em face dessa crise que engolfa o mundo globalizado, é a apatia das esquerdas no Brasil e no mundo, responsável pelo escândalo político deste início de século: a vitória ideológica da direita.

É o que procuraremos expor.

Ainda com dificuldades para compreender a débâcle do ‘socialismo real’, a esquerda socialista não foi capaz de fugir da armadilha ideológica da direita– a introjeção da falácia do fim da História – e construir uma alternativa compreensível pelas grandes massas e exequível no horizonte das atuais gerações. Ao contrário, em alguns casos quedou-se na inação, para, noutros muitos, bater em retirada, como demonstra o destino no qual se imolaram os antigos grandes partidos comunistas, tanto do Leste, onde aparentemente estavam no poder, quanto do Ocidente.

Nunca será demais lembrar a que frangalhos foram reduzidas organizações de massa como o Partido Comunista Francês e, principalmente, o outrora tão promissor Partido Comunista Italiano, ‘o maior partido de massas do Ocidente’, inspiração da frustrada promessa do ‘eurocomunismo’. Nas pegadas dos comunistas ortodoxos caminharam partidos socialistas e socialdemocratas como o Partido Socialista Francês, o Partido Socialista Português e o Partido Socialista Operário Espanhol, apenas poucos mas significativos exemplos de renúncia a objetivos revolucionários. Na verdade, esses partidos transitaram da esquerda para o conservadorismo e, em alguns casos, terminaram no campo da direita. Lembremos apenas o triste destino do Partido Trabalhista inglês.

Nada obstante o estrondoso fracasso do capitalismo – fracasso econômico, político e moral – grande parte da imprensa internacional (o caso brasileiro é escandaloso) ainda se move segundo as regras da falecida Guerra Fria, gerando o discurso único que parece provocar rachaduras na formação ideológica dos doutrinadores da esquerda, assustada e pessimista quando sua essência é crer e realizar utopias.
Silente, a esquerda cruzou os braços. Assustada com a crise, assustada permanece diante da reação dos que ousam contestar o ‘sistema’. O fato objetivo, seja qual for o fenômeno detonador, é que o sistema não conhece oposição. E isto é talvez mais grave do que a crise em si.

Diante dos episódios da ‘primavera árabe’ e do ‘OcupeWall Street’, que se espalhou por todo os EUA e o mundo, a esquerda quedou-se perplexa, presa por um verdadeiro círculo de giz caucasiano, como paralisada pelo fim do ‘socialismo real’.

Mas a batida em retirada não encerra a tragédia toda, pois são exatamente os partidos de centro-esquerda que estão operando a política suja do neoliberalismo, impondo a suas populações o extenso catecismo das medidas recessivas de sempre, a redução dos direitos trabalhistas e previdenciários, e cortes nos programas sociais, conquistas alcançadas ao custo de longas lutas sociais que compreenderam, de par com a extrema exploração do braço humano, a repressão, o cárcere e o assassinato de milhões de trabalhadores em todo o mundo.

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