quarta-feira, 18 de julho de 2012

Leonel é condenado por homicídio de Joseane Caneda


Por: Fernanda Couto Rostan
Jornal Minuano
Fotos: Francisco de Assis

Todos os olhares se dirigiam ao julgamento de José Leonel da Silva Jardim, o Brizola, 43 anos, condenado a 16 anos de prisão por matar a funcionária pública Joseane Caneda Teixeira, 42 anos, em 26 de fevereiro de 2011. Ele era motorista da empresa Kopereck, responsável por fazer o transporte dos funcionários da Prefeitura de Candiota, entre eles, a vítima. O corpo da funcionária pública foi encontrado no dia 10 de março, às margens da BR 153. 

As investigações concluíram que, no dia do crime, o motorista teria mudado seu trajeto, andando 11,5 quilômetros a mais. Também foi constatado que o disco do tacógrafo foi colocado invertido, ou seja, contando o horário como se fossem 18h, e não 6h. As contas telefônicas apontavam que dias antes do crime, o réu e a vítima conversaram várias vezes, em ligações longas, de até 31 minutos. Outro apontamento é que ambos mantinham um relacionamento extraconjugal.
Mais um dado que a investigação contempla é que, no início da década de 90, a namorada de Brizola, na época, foi baleada na saída de um baile. Ele teria sido o primeiro a socorrê-la e o autor dos disparos nunca fora identificado.

O que dizem as testemunhas

Tanto o promotor João Francisco Ckless Filho, que realizava a acusação, quanto o advogado de defesa, Nataniel Falconiere, concentraram as perguntas sobre o tacógrafo.
Uma das testemunhas era um colega de trabalho de Brizola. Em seu depoimento, ele afirmou que viu o réu saindo da garagem aproximadamente às 6h10min do dia do crime. Posteriormente, encontrou-o próximo à avenida Espanha, com o ônibus estacionado, falando ao celular. Ele explicou que os dados do tacógrafo são conferidos na saída e no retorno à garagem e que é possível alterá-los. Outro colega do réu, também testemunha, contou que o viu no dia do crime na estrada próxima ao aeroporto, no sentido bairro-Centro, às 7h. Brizola estaria na lateral do ônibus, sem o pisca alerta ligado. Ao ser questionado, ele afirma não ter visto fumaça no local nem sentido o cheiro. Um colega de Joseane também deu seu depoimento. Ele é o primeiro a embarcar no ônibus diariamente. Revelou que, no dia do crime, às 6h16min, o motorista ligou afirmando que ia atrasar, pois estava com um problema no pneu do veículo. Ele teria embarcado no ônibus cerca de uma hora depois e o trajeto foi o mesmo do cotidiano, incluindo a parada em que a vítima costumava aguardar. Essa testemunha não notou nenhuma alteração comportamental em Brizola.

Após o crime, uma colega de Joseane, que estava em férias no dia do acontecimento, alega ter entrado em contato com o motorista para saber se ele a tinha visto, sendo que todos estavam à procura dela. Esse contato foi via telefone, no sábado, dia do desaparecimento. Segundo ela, no domingo, o réu teria ligado, alterado, para saber se ela estava insinuando algo sobre ele. Essa testemunha também contou que sabia do relacionamento deles e que Joseane conversava por telefone com Brizola várias vezes ao dia e, muitas vezes, desligava o telefone chorando. Em uma conversa, a vítima teria afirmado que não queria mais ele, mas que ele não aceitava e acreditava que ela estava dando um fim na relação por ele ter uma condição social menor.



Em contraponto, um policial militar, que trabalhou nas buscas no primeiro dia, conta que o marido de Joseane, Antônio Ritta, apresentou um comportamento estranho, pois não se manteve junto com a família. O morador da região do aeroporto que encontrou a ossada afirmou caminhar por aquele trecho da BR 153 diariamente. Essa testemunha sustenta que, no dia que viu a ossada, esta lhe chamou a atenção, pois estava praticamente no acostamento. Por isso, supõe que a mesma não estava lá antes.

A defesa

Do início ao fim dos questionamentos, Brizola se disse inocente. Sua versão é de que, naquela manhã, avisaram-lhe que ele iria em outro ônibus e não o que ele havia conferido no dia anterior. Ao sair, notou que uma das rodas estava fazendo um barulho. Para confirmar, Brizola foi até uma rua asfaltada para ter certeza. Assim ele justificou os quilômetros a mais que constavam no tacógrafo.
O acusado disse que o tempo que esteve fora do ônibus foi procurando a caixa de ferramentas, que ele não encontrava. Sobre seu relacionamento com Joseane, contou que eram mais conversas por celular do que encontros físicos. Esses teriam acontecido apenas duas vezes. Ele afastou a hipótese de estar brigando com a vítima, sob a justificativa de que, no dia anterior, ela havia colocado crédito no celular dele para falarem e que Joseane nunca havia dado motivos para ele fazer uma coisa dessas. Brizola ainda destacou que ficou tão chocado quanto a família, pois foi uma perda para ele também. Durante seu depoimento, falou bastante, explicando com detalhes a sua versão do fato. Ratificou que nunca esteve na região do aeroporto.

A pena

O júri popular sentenciou pela condenação do réu por homicídio em virtude de motivo fútil. No crime de ocultação de cadáver, pelo qual Brizola também foi julgado, foi absolvido . A juíza Naira Caminha sentenciou 16 anos de prisão em regime inicial fechado.

Um comentário:

  1. Placar apertado do Juri 4X3 pela condenação; ficou duvida sobre o autor... esse caso ainda não foi resolvido, lamentavelmente!

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