domingo, 15 de maio de 2011

Carta Aberta ao Presidente da CGTEE

Salve a Figueira

Prezado Sr. 
Serene Chaiser 
Presidente da CGTEE 

Antes de tudo, gostaríamos de lhe parabenizar pela honrada e profícua vida de homem público. É preciso muito trabalho, anos a fio, mas acima de tudo competência e coragem para enfrentar os desafios, descobertas e novos valores de uma sociedade em constante e acelerada evolução. Vossa pessoa representa, para nós, a esperança de orientações, determinações e decisões inteligentes. 

Em 1993 nosso município conquistou a independência política e administrativa de uma área com páginas de históricas lutas e conquistas, assim como rica pelos seus recursos naturais, que o tornaram pólo cultural, carbonífero, energético e cimenteiro. 

Nosso município, privilegiado pela natureza, tem uma importante e elevada biodiversidade e um alto grau de ameaça desse bioma, que é público e notório, objeto de preocupações de todos, como por exemplo, em relação a uma área do candiotão, de propriedade da CGTEE, que abriga uma centenária FIGUEIRA DO MATO, bem próxima da portaria de entrada. 

Sobre essa magnífica figueira, contam que os ferroviários que construíram a linha férrea Bagé-Rio Grande, no final de século XIX, já descansavam a sua sombra. A quem diga, também, que o projeto de construção da estrada de acesso ao canteiro de obras do candiotão, na década de 1980, foi alterado para preservar tão frondoso e imponente exemplar. Nossa majestosa figueira, com sua copa densa e longos “braços”, além ferroviários e eletricitários, também já acolheu mineiros, tropeiros, soldados e escravos. 

Ocorre, senhor presidente, que ratificamos que nossa ainda exuberante figueira está sob iminente risco, em decorrência do plantio de eucalipto em seu entorno, a uma distância de centímetros e que já atingiram mais de dois metros de altura. 

Por oportuno salientar, com todo o respeito àqueles que pensam em contrário, plantar eucaliptos no pampa gaúcho, alterando nosso bioma, não é compensação ecológica. Até pode ser na Austrália, mas não junto a nossa figueira nativa que abrigava dezenas de pássaros e outros seres vivos. 

É hora, senhores empreendedores, de enxergarmos nossas árvores nativas, também, como monumento de nossa cultura e história. 

Senhor presidente: gostaríamos de lhe agradecer pelo tempo - tão escasso - para ler essa carta, pela paciência em nos ouvir após a audiência da Câmara de Vereadores, do dia 26/04/2011 e principalmente por dar um presente para Candiota, em um futuro breve, salvando nossa figueira centenária. 

Respeitosamente. 
Tailor Lima 
FONTE: Jornal Tribuna do Pampa

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