domingo, 19 de fevereiro de 2012

Breve histórico da nossa Candiota - Ano 1952

Tribuna da Câmara Federal
Manifestação do Deputado Dilermano Cruz sobre o projeto nº 1.523-1/51

“Sr. Presidente, Srs. Deputados:
A União vai empregar R$ 150.000.000,00 na construção da usina de candiota, mas este dinheiro voltará aos seus cofres face ao regime de exploração em que se encontra a Viação Férrea no Rio Grande do Sul.

Como sabem os senhores esta Viação esta alugada ao Rio Grande do Sul, que a explora. Reza o contrato respectivo que os prejuízos e os lucros serão distribuídos 50% a cada parte contratante.

Ora, a Viação Férrea do Rio Grande do Sul a despeito das providências governamentais no sentido de diminuir-lhe o déficit a Viação Férrea do Rio Grande do Sul, por motivos que não cabe analisar aqui, dá um déficit anual de cerca de 40 a 50 milhões de cruzeiros ao governo da União e ao do Estado. Se diminuirmos o custo da manutenção de seus serviços, se aumentarmos a sua receita através da eletrificação de certos trechos e da planificação de vários traçados, se conseguirmos fornecimento de carvão em condições mais econômicas, evidentemente estaremos direta e indiretamente defendendo o próprio patrimônio nacional, por que, em vez de déficit, a Viação Férrea terá lucro e, em vez de participar a União desse déficit, passará a participar diretamente dos lucros.

Tenho em mãos um estudo do engenheiro José do Patrocínio Mota, um desses técnicos que honram a cultura do Rio Grande do Sul e tem sido um dos entusiastas da exploração carbonífera no Vale do Rio Negro, um desses homens que foi, por assim dizer, um pioneiro, ao lado de outros dignos engenheiros do Rio Grande do Sul, em demonstrar que o carvão de minha terra, se bem que proferir, que tenha quantidade de resíduos, poderia muito bem ser aproveitado na boca da Mina através de usinas úteis ao Rio Grande do Sul e do Brasil.

Este engenheiro prova com documentos insofismáveis que a Viação Férrea do Rio Grande do Sul, através da usina de candiota terá, anualmente, apenas neste traçado, a ser eletrificado, uma economia de combustível de 25 milhões de cruzeiros.

Quer dizer, srs. Deputados, que atualmente o custo do combustível para produzir um cavalo hora nas locomotivas da Viação Férrea, no trecho Bagé-Rio Grande, é de 73 centavos. Com a eletrificação do trecho o custo do cavalo hora nas locomotivas da citada empresa será, apenas, de 10 centavos.

Assim, o governo da União e do Estado economizarão 25 milhões de cruzeiros, isto apenas num trecho de cera de 200 e poucos quilômetros, importância que corresponde a metade do déficit atual da Viação Férrea em todo um anos.

Já por esses elementos técnicos, precisos e convincentes, verificam os srs. Deputados a grande utilidade do empreendimento, a grande necessidade da usina e a alta rentabilidade de ver o Governo Federal, em apoio dessa obra, que faz parte direta e indiretamente, do plano de eletrificação do Governo do Rio Grande do Sul, visando incrementar a exploração dos seus recursos e fazer com que, realmente, o Brasil tenha suas fronteiras econômicas estendidas até suas fronteiras geográficas consolidadas.

O Rio Grande do Sul, como sabem os dignos parlamentares, continua a levar avante o seu notável plano de eletrificação, que se compõe de usinas termo-elétricas e hiro-elétricas.

As primeiras plantas serão: uma em São Geronimo, que possui carvão de melhor qualidade do que do vale do Rio Negro, portanto na proximidade de Porto Alegre, e a outra na região de candiota.

Estas duas termo-elétrica servirão ora para fornecer energia às cidades, ora para eletrificação de ramais ferroviários. Ambas visam dar o carvão riograndense pleno aproveitamento.”
Fonte: Diário do Congresso Nacional, de 02/02/1952, página 726.

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