O discernimento para combater incêndios

Por: Aroldo Quintana

Secretário de Meio Ambiente de Candiota

Estamos vivenciando um longo período de estiagem. A vegetação não aguenta mais. Tudo está secando. As folhas secas estão tornando-se combustível para o fogo, ao mesmo tempo em que ficamos a mercê da consciência de todos, para que tomem os devidos cuidados.

A importância de estar alerta 

Os peões fumantes das estâncias que, às vezes, num gesto involuntário, jogam sua bagana de cigarro acesso no pasto seco, motoristas que lançam seu cigarro pela janela do veículo nas margens das estradas, ainda precisam da sorte para que os resquícios de cinzas, ainda acessos, não atinjam o local indevido. Estes são apenas alguns exemplo de onde o discernimento, neste momento, pode evitar uma tragédia.

Há, também, moradores que, infelizmente, no dia a dia, após a limpeza do seu pátio, colocam todos os resíduos em lugares inadequados, bem como nas margens das estradas, barrancos ou espaços públicos e, então, resolvem simplesmente atear fogo – causando enormes incêndios. Na maioria das vezes preferem, ainda, o anonimato ao invés de comunicar às autoridades do incidente. Isto que não têm a mínima necessidade já que, em nosso município, a coleta é feita regularmente ou, até mesmo, é possível solicitar equipes da Prefeitura para efetuar a retirada destes entulhos. Então é simplesmente, mais uma vez, questão de discernimento em providenciar a ação mais aceitável.

Danos irreparáveis 

As áreas atingidas por esses incêndios causam sérios danos a biodiversidade, à dinâmica dos ecossistemas. Aumenta a erosão do solo, a qualidade do ar é afetada e danos irreparáveis podem ser ocasionados ao Meio Ambiente. O tempo para a natureza garantir a sua recomposição é longo. Os incêndios ocasionam a degradação do solo, alteram as características físicas, químicas e biológicas de todo o ecossistema, além, do empobrecimento do solo causado pela eliminação dos microorganismos essenciais para a fertilização. Os nutrientes, como o cálcio, enxofre e potássio, são alterados. E, também, o solo fica desprotegido – uma vez que árvores, arbustos e outros tipos de vegetação foram destruídos.

E não é apenas a flora que sofre – a fauna também. Pequenos animais como lebres, tatus, lagartos, preás, pássaros, enfim, os mais diversos animais entram em total desespero, perdem ninhos, alimentos e ficam completamente desorientados. Por sua vez, os animais de maior porte ficam sem alimento, dependendo do que sobrar, em uma época que as pastagens já estão prejudicadas pela estiagem.

Ainda destaco outros pontos que sofrem. O ciclo do carbono libera gases, em especial gás carbônico e metano. Tais elementos são bloqueadores de calor e seu acúmulo na atmosfera pode alterar o balanço de energia do planeta e aumentar a temperatura e o ciclo hidrológico. Ocorre a precipitação (chuva) como conseqüência da evaporação das águas dos oceanos. Parte dessa água é captada pela vegetação, e a outra é absorvida pelo solo, onde tem destino ao lençol freático. Mas os incêndios deixam o solo ressecado, impedindo este processo de infiltração.

Conscientização

De minha parte e da equipe da Secretaria, neste momento, vamos desencadear uma campanha de conscientização para evitar incêndios. Talvez, para esse ano ainda não possamos, infelizmente, atingir os resultados esperados e satisfatórios. Isto, logicamente, leva tempo. Trata-se de conscientização social. Mas algo deve ser feito e vamos fazer. É o início de um trabalho que ficará de alerta para os próximos tempos.

Enfim, é o nosso discernimento que queremos dividir com todos os seguimentos da sociedade. O discernimento, talvez, seja a arma mais poderosa para combater incêndios em momento de extensa estiagem como esta que estamos passando.