Bom Humor, afinal hoje é sábado

COMENTÁRIOS ANÔNIMOS

Um vício

Virou moda os comentários anônimos em blogs para relaxar, evitar o estresse, trocar informações e unir pessoas para bate-papos descontraídos. Uma terapia, dizem. Parece uma coisa ingênua. Mas não é. Tanto é que, em Candy City, já existe a Associação dos Comentaristas Anônimos.

O A.C.A. atende exclusivamente homens e mulheres que se viciam em comentários anônimos. Estes dependentes que levam seus notebooks, laptops e smartphones para o trabalho e se escondem no banheiro para comentar sobre “loterialogia” “pedagordologia”, “infantilogogia”, “carvãologia”, “lixologia” e “viuvinhas”, entre outros temas.

Muitos, tomados pelo vício, sofreram pressões e perseguições. Outros estão na “alça de mira” (Oh, if i Catch You). Os que tomam consciência do problema procuram a A.C.A. As reuniões são como as dos Alcoólicos Anônimos.

— Meu nome é Sérgio Prito (com um T) e estou há cinco dias sem comentar.
Palmas.

Alguns relatam como começaram e os problemas que tiveram. Como Nárcio:

— Eu estava estressado e já tinha observado que minha tia, comentarista anônima, era uma pessoa calma. Então, enquanto esperava minha esposa se arrumar para irmos a uma festa, fiz meus primeiros comentários. Foi o bastante para ser fisgado pelo vício. Quando dei por mim, já tinha respondido um bloco de notas inteiro. Nunca mais fui a festas com minha mulher. Preferia ficar em casa fazendo comentários no PC. Minha mulher esta por me abandonar. Arrasado, fiquei três meses fechado em casa e fiz 120 comentários anônimos.

Outro depoimento: este de Waltencir:

— Só me dei conta de que era um comentarista anônimo inveterado quando, de madrugada, meu mouse estragou e eu saí pelas ruas procurando uma loja aberta. Não encontrei. Eu fui preso por tentar roubar ratos de computador da loja da qual era freguês.

Muitos se curam do vício. Mas é passo a passo, dia a dia... Muitos não resistem e têm recaídas que os deixam humilhados. O comentário anônimo é a porta de entrada para outros vícios. Muitos CAs perdem a criatividade e noção do ridículo e passam o dia copiando e colando imagens e textos no facebook, depois experimentam atividades consideradas mais difíceis: tornam-se viciados em tc7, twitter, orkut e msn. Isso quando não acontece de falecerem vítimas de overdose de internet.

Além dessas, outras conseqüências, que por muitos despercebidos, são recorrentes dos CAs: irritação cutânea em iniciantes e aprendizes de alopradinhos, raiva felina em secretários negligentes, triorquídia em vereadores pseudos-moralistas e depressão em pessoas com síndrome de inferioridade.

É uma tragédia.

Não quero aqui defender solenemente os CAs, mas acredito que um bom vício pode ser uma virtude, como o vício de fazer bem aos outros, ou gerar prazer a outras pessoas. Esses dois casos, como diversos comentários anônimos, são muito bem vistos como virtudes. Mas, por exemplo, respeito os que odeiam receber prazer, embora fora de todos os padrões conhecidos!

Assinei e fui.